Este sítio ficou sem atualizar-se desde 2010.
Nesse meio tempo a ideia de escrever na internet mudou. Blogs mudaram (ou acabaram), as imagens de aplicativo engoliram os textos, cada vez menores e ligeiros, em todos os sentidos.
Qualquer comentário com mais de dois parágrafos, de pronto taxado pejorativamente de “Textão de Facebook”, ganha contorno de lição de moral, pito nos adversários, quando não inimigos, acompanhado de uma hashtag.
Fenômeno à parte são as fanfics partidárias, ficções situacionais, para colorir com falso realismo, supostos desvios de caráter do outro – esse próprio inferno – revelados nesses instantâneos imaginados, compartilhados passionalmente, na indignação seletiva de cada dia.
A internet, paradoxalmente, na mesma medida que aumenta o acesso à informação, levanta bunkers, ilhas ideológicas, no interior das quais as pessoas se alimentam das fontes limitadas de concordância. A opinião é feita por camadas cotidianas e continuas de unicidade.
É uma nova fé. Uma dimensão onde acreditar é concordar e não mais desconhecer.
Na oferta abundante de dados, referências, gráficos; o mar de opiniões é manipulável e manipulador, argumentos são construídos em linha reta, como se a lógica das ideias fosse um artifício inexorável, sem espaço para contraditório e a reflexão.
Ao contrário do que diz o título, todo mundo está certo, mas ninguém tem razão.