Hillary Clinton fez seu discurso na convenção democrata sem cerimônia, foi direto ao ponto. Exaltou suas próprias qualidades num clipe tedioso, disse duas ou três coisas positivas sobre o governo de seu marido e agradeceu seu correligionários. Mas não perdeu um minuto elogiando seu ex-adversário e candidato a presidência. Foi apenas protocolar ao pedir o voto democrata ao candidato do partido, sobretudo clamando por um voto contra a continuidade republicana na Casa Branca. Saiu-se como uma boa: vocês gostam de mim ou das minhas idéias?
Deu apenas uma dica. Só vai aplaudir realmente Obama quando o vir assinando a tal política universal de saúde pública com a qual ela quer ser identificada. O que é realmente esse plano ninguém sabe. Talvez um corolário de boas intenções, cuja implementação enfrentaria de um lado o lobby poderoso das indústria de seguros de saúde e hospitais privados – grandes doadores de sua campanha – e do outro, uma questão ideológica mais profunda.
Parece muito difícil para um político democrata definir até que ponto a sociedade americana deseja mesmo um estado de bem-estar social, com políticas universais de saúde, por exemplo, em contraposição a um ideal liberal de estado reduzido. Nesse ponto republicanos são bem mais assertivos. Isso não nos pertence e ponto, é o que eles dizem.
A moleza democrata em temas cruciais como esse, porque não dizer, cujos matizes não são exatamente binários, é o que coloca novamente a volta dos democratas ao poder em perigo.