O discurso de John McCain encerrou a temporada de preparação para corrida eleitoral americana. Não há muito há dizer sobre a fala do republicano. Das participações importantes, foi a menos impactante. McCain tentou um tom conciliador, fez o mea-culpa do partido, exaltou seu currículo de prisioneiro de guerra e roubou o mote mudancista de Obama. No fundo, é a mensagem militarista que prevalece. Ao final de seu discurso parecia um sargento caricato gritando para recrutas em treinamento.
De substancioso, apenas a clara divisão dos americanos sobre a natureza do sistema de saúde, o tamanho do estado e belicismo na solução das pendengas do interesses internacioanais estadunidenses. No decorrer da campanha, talvez, essas questões sejam aprofundadas e o complicado processo eleitoral penda para um lado ou outro. Caso o contrário, essa divisão tende a prevalecer por mais alguns anos. Na realidade, os EUA vivem um momento de esquizofrênia com a derrota do projeto neo-conservador desenhado no final da Guerra Fria. A história no final não acabou e o unilateralismo policialesco desenhado pelos republicanos submerge frente a nova e fortíssima Rússia e a cada vez mais espaçosa China, enquanto a economia real estadunidense não resiste a gastos militares insustentáveis e administrações temerosas. É uma crise passageira, mas o ideal do novo século americano sai dessa bastante combalido.