A formiga, Bandeira e Romano

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Não comentei aqui mas, há coisa de um mês, Primeira Leitura, site e revista, fechou as portas. Não foi o primeiro e não será o último veículo de comunicação a encerrar atividades. Aliás, no Brasil, revistas independentes são raridade. Espantoso como Caros Amigos ainda sobrevive. Com um corte editorial ainda mais polemista, atravessou os anos FHC, inclusive com uma pequena contribuição deste que vos escreve.

Na transição da antiga República da editora D’Avilla para Luis Carlos Mendonça de Barros e Reinaldo Azevedo, a revista pareceu que vingaria em sua proposta de ser uma The Economist brazuca. Chegou a ser impressa no mesmo formato que a matriz londrina. Depois descambou para um papelório de diagramações mirabolantes, a meu ver, desnecessárias para o bom texto da revista.

Acusado ora de psdbista, ora de direitista e que tais, Reinaldo Azevedo passou a centrar fogo na construção de uma persona polêmica. Como escreveu Carta Capital, com insolência peculiar a ambos, Reinaldo subia no seu banquinho procurando algum duelista disponível. Foram poucos. Aí perdeu o rumo. O site, principalmente, virou cada dia mais sobre ele mesmo.
Escrevi essa introdução entediante para dizer que visitei o endereço por acaso e me deparei com a seguinte mensagem, estampada no falido de Primeira Leitura:

Direito de Resposta

Em cumprimento à sentença da MM. juíza da 28ª Vara Criminal Central de São Paulo, Suzana Jorge de Mattia, que concedeu direito de resposta a Luiz Alberto Dias Lima de Vianna Moniz Bandeira

Carta a Primeira Leitura – Resposta a Roberto Romano Resposta ao artigo “A formiga que marchava contra o império: uma fábula hegeliana”, publicado na Edição 46, dezembro de 2005.

Roberto Romano, em seu artigo “A formiga que marchava contra o império: uma fábula hegeliana”, publicado em Primeira Leitura, Edição 46, dezembro de 2005, estabeleceu uma vinculação abusiva e capciosa, narrando fatos inverídicos e errôneos, de caráter ultrajante contra a minha pessoa e o meu trabalho, o que traz claras conseqüências jurídicas. Ao escrever que em Formação do Império Americano faço “denúncias” que, ‘sem exagero, atribuem ao governo norte-americano plena cumplicidade com o ataque de 11/setembro’” e que “essas histórias fantásticas recordam invenções como o Protocolo dos Sábios de Sião”, ele faz uma vinculação capciosa. O que Romano chama de “denúncias” sobre a cumplicidade (o adjetivo “plena” é da sua lavra) são acusações levantadas não por mim, mas por diversos autores norte-americanos, nos EUA, onde têm sido publicadas inúmeras obras sobre o assunto, sobre as quais me baseei e que Romano, na sua ignorância, desconhece. (Clique para ler a íntegra)

O imbroglio jurídico que deu razão a Moniz Bandeira contra Primeira Leitura é absurdo sob qualquer ponto de vista. Não vou entrar na discussão do conteúdo do livro, até porque não li a Formação do Império Americano. Pescando pela crítica de Roberto Romano, esse suposto anti-americanismo do autor, me parece coerente. O imperialismo americano já está em prática desde antes da anexação do México, em 1846. Digamos que os neocons tenham posto em palavras e, claro, prática, o que sempre foi fato.

Isso é uma coisa. Já ganhar na justiça direito de resposta contra uma crítica de livro, é o fim da picada.

Roberto Romano, seguramente não precisa da minha solidariedade. Não o conheço, não vou conhecer. Li a crítica. Acho que ele esculhambou o livro de Moniz Bandeira porque deve ser legal esculhambar um livro de 800 páginas.

Para lá e para cá, os argumentos dele são bem relativos.

A juíza reconheceu que Moniz Bandeira tinha direito de defender da esculhambação de Romano. E Bush, Cheney e toda a junta? Não teria direito de se defender da esculhambação do Moniz Bandeira?

Ah, a insensatez…