Nessa quinta dia 31 vou iniciar as gravações de um documentário sobre os índios Kalapalo, na Reserva Indígena do Xingú . Os Kalapalos são grandes pescadores e tem tradição de construir canoas de jatobá. Nossa base será no local exato do primeiro contato dos irmãos Vilas Boas com esses índios. De lá eles migraram para as terras mais centrais do Parque, na metade do século XX. Há um movimento de retorno às terras ancestrais.
As imagens do Google Earth são chocantes. Ao lado do parque, as áreas desmatadas prevalecem sobre pequenos trechos de mata nativa. Essas fazendas produzem o gigantismo exportador brasileiro. São elas que enchem a boca dos apresentadores de telejornais e de governantes com números absurdos nas exportações de grãos e carnes. É uma riqueza concentrada. As fazendas empregam pouco e mesmo a “cadeia de produção”, para usar um termo adorado, é restrita e de pouco “valor agregado” para usar outro termo adorado. Na outra ponta do processo, um recente estudo sobre a violência no Brasil mostra justamente os locais de grande desmatamento como os mais violentos. A relação é direta e inequívoca. São as terras sem lei do sul do Pará, norte de Mato Grosso, Rondônia e demais frentes da destruição da Amazônia. Os governos não resistem ao canto da sereia dos grandes superávits mesmo com os rochedos bem já bem à vista.
Mas isso é outra história. No momento o que me interessa são belas canoas de jatobá dos Kalapalos.