Sicko

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Michael Moore levantou uma estatueta e a Palma de Ouro, explodindo as bilheterias com um documentário, palavra quase proibida entre produtores de cinema nos EUA. Passou a tomar tiros de toda a parte. Maniqueista, fanfarrão, aproveitador, sensacionalista, farsesco e manipulador são algumas das prescrições que Moore recebe com frequência. De fato, ele é tudo isso. E mais, é gordo, usa boné e tem cara e jeito de americano. Tudo em MM o descredencia como documentarista. Moore faz política, toma partido e documenta para provar suas idéias. Faz isso com destreza. E, mais importante, com coragem digna que só os palhaços tem.

SiCko lançado há dois meses nos EUA já arrecadou 23 milhões de dólares. Nada mal. Depois de provocar presidentes de corporações, a indústria de armas e Bush, Moore usou a mesma receita contra o sistema (privado) de saúde nos EUA. Desde o início, ele deixa claro que o filme não é sobre os que não tem seguro de saúde, mas sim sobre os 250 milhões de americanos que pagam mas não levam os benefícios da saúde (privada) nos EUA.

Moore defende uma idéia básica da bula esquerdista. Se o sistema visa lucro, a saúde corre risco de vida. As seguradoras empregam médicos com a finalidade específica de negar pedidos de exames, tratamentos e remédios. Seus principais executivos e acionistas enchem os bolsos enquanto pacientes são literalmente abandonados na porta de hospitais públicos em Los Angeles. Num dos momentos mais fortes do filme, a imagem sacada de uma camera de segurança mostra um taxi abandonando uma senhora descalça e desnorteada no meio da rua. Foi expelida de um hospital (privado) por não ter como pagar a conta.

As sequências e interações dos personagens de Moore são visivelmente armadas. Mas em nenhum momento parece ser mentira. São verdades forçadas. Nas comparações entre os sistemas de saúde da Inglaterra, França, Canadá e Cuba, em contraposição ao falido (para o usuário) sistema americano, usa o melhor e o pior de cada parte. Pode-se discutir escrupulos dessa técnica documental, mas não que o sistema de saúde nesses países seja universal e gratuito, portanto melhor. Moore quer convencer o espectador disso. E seria bom também se o governo cuidasse da nossa lavanderia.

Veja um trecho de Michael Moore, ao vivo na CNN, batendo forte na midia e em Wolf Blitzer, uma espécie de Paulo Henrique Amorin do governismo norte-americano.
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