Henri Sobel entrou numa loja na Flórida e rombou uma gravata. A cobertura de imprensa até o momento tem sido respeitosa com a história de Sobel. Enfrentou a ditadura no caso Herzog, pregou o diálogo interreligioso, incentivou a integração da comunidade judaica na sociedade brasileira, a justa medida do politicamente correto.
É um crime menor, eventualmente cometido num momento de crise nervosa. Algumas pesquisas indicam haver uma parte do cerébro responsável pelos julgamentos morais e, no caso de debilidade na região, provocada por acidente ou doença, a pessoa pode perder repentinamente as noções de certo e errado. Uma boa discussão essa e faz personagens fascinantes. Uma pessoa constrói uma reputação ilibada e num dado momento é pego num desvio ético injustificável. Essa pessoa foi sempre assim ou seria um deslize ocasional? Melhor ainda, existem os deslizes ocasionais? Bom, essa discussão aos discutidores, para mim esse não foi o ponto.
O imbroglio envolvendo Henri Sobel nos EUA me lembrou de alguns livrinhos que tive o prazer de devorar faz alguns anos. A coleção, publicada pela Companhia das Letras, traz os textos de suspense de Harry Kemelman, judeu, narrando as aventuras do rabino David Small às voltas com crimes acontecidos no pequeno condado onde atua.
O herói de Kemelman passa de suspeito a hábil solucionador de mistérios, usando de uma bem humorada combinação de argúcia, a boa ajuda do Talmude e diálogos espertos com o chefe de polícia local, um honesto e católico servidor da lei. São livros de detetive como devem ser. Rápidos, fáceis e inteligentes.
– Sexta-Feira o Rabino Acordou Tarde
– Domingo o Rabino Ficou em Casa
Harry Kemelman
Companhia das Letras