Guangzhou Se algum lugar pode se chamado oasis urbano, esse lugar é Shamian Dao. Deixando a estação de Huangsha na linha 1 do bom metrô de Guangzhou, o visitante desavisado da de cara com um cenário de Fritz Lang. Três ou quatro viadutos sobrepondo-se na escuridão empoeirada e uma seta indicando a passarela nada obscura que leva a lugar nenhum.
Impossível imaginar que a poucos metros dali, cercada por vias expressas, inclusive a pista elevada que margeia o rio Pérola, uma ilhota de 500 metros de extensão forma um bairro saído de um panfleto comunista dos anos 50. De um lado os aterradores viadutos, do outro, o rio Pérola emoldurado pela pista elevada e iluminado por um sem fim de luzes coloridas e lasers coordenados com a música vinda dos barcos e hotéis na outra margem. Um show de luzes embalados por “Carruagens de Fogo” e que tais.
Shamian Dao tem largas alamedas ajardinadas, prédios de 5 ou 6 andares. Tarde da noite, crianças ainda jogam bolam, casais namoram, velhos envelhecem e guardinhas dormem. Uma visão impar da utopia socialista. Aqui e ali um prédio público, impondo-se com a bandeira vermelha e o indefectível brasão da Repúbica Popular da China.
Mais a frente, um ótimo lugar para uma cerveja. O coração de neon com a inscrição “I love Lucy’s” anuncia o bar Lucy’s. O fundo musical é Lionel Richie. “Say you, say me”. Acorda qualquer sonho socialista. Shamian Dao é uma utopia.