advertência isso não soa nada assim ou eu não sou nada assim
isso é meio prosa meio verso
isso soa como nada assim
nisso eu vejo a chuvarada
sim ela faz chover em mim
isso é uma abordagem religiosa,
científica, cultural
substitui por mítica
não mística não islamismo.
é. não me lembro do que é. é um acidente. uma não-citação. não.
Ontem eu fiz o logotipo mais feio do mundo. Reto e grosso como um intestino estético, me desafiou alguns minutos e ganhou esse título. A logotipia morreu ontem.
Letras, números, fotografia, papel feio e bonito e os desenhos no vértice da logotipia sombrancelheiam entre os textos, o conteúdo. E não me venham com mais fotos do que mil palavras que assim chegaremos ao meu logotipo, o mais feio do mundo.
Primeiro sujei o papel com sombra de exposição ao sol, com letras que diziam “poderdosol”, virei uma vez noventa graus, espelha e voltei à posição normal. Uma circunferência atrás, amarela degradê com branco e, logo abaixo das letras, as letras ao contrário, como fossem sombra do sol imaginário.
Não é que as cores não combinavam, há todo um corolário a seguir: leitura, captação instantânea, lembrança. Meu logotipo não tinha nada disso, apenas as letras de cabeça para baixo como fossem sombra. apareciam como novidade. Era confuso e sem idéia, mas havia letras ao contrário. Como se não bastasse a futilidade desse argumento, era de se intuir que também em nenhuma das combinações de cores ele funcionaria, além da ilógica das cores. Mas assim que o olhei finalizado, eram as cores mais óbvias. Essa foi uma falta ainda mais particular. Uma mistura de cores secas seca. Ah sim. Essa frase é boa, dispersa no meio de um texto estranho. É esse o texto: uma frase pretensamente imponente, algum estilo forçosamente arranjado e uma argumentação doce. O sequestro do elemento solar, como forma de ludiciar – tornar lúdico – e, lembrando agora uma palavra inventada. Quem sabe já não são duas.
o homem orgulhoso mostrava os sacos de seu saque nos ombros, frente a uma terra arrasada. um pouco antes foi uma jovem quase senhora ainda bonita. cantava que se podia pegar óleo e linguiça.
“São vivas as almas desses lutadores, e alegres têm sua dor
Esbraveja agonia instante!”
E eu, atento à minha noite de perjúrio,
rejeitei o olhar indócil das três mulheres
Vulgar, fascinante. será perpétuo meu extâse contido interior? reservado
poema jovem o spleen bêbado – uma (a)versão.
Lobby “Guarde cuidado ao último degrau” diz o homem do hotel desviando um olhar inerte de seu formulário amarelo velhice. há algo que paira no ar e eu, com meus olhos grandes, invisíveis olharei seus passos. no último degrau o inusitado se reproduzirá, hábil, inquestionável, e apenas hábil e inquestionável às soluções de curto instante.
Mezzanino. outra vida toca ao fundo.
Mezzanino. definitivamente não há pessoas que me olham. são na verdade as espirais marcas do copo sobre a mesa que se observam em mim.
Espelho. Ninguém. Aposento. Escondo então em minha cabeça sem idéias minha cabeça sem idéias. na janela da hospedagem distante da parede branca distante das idéias. Ninguém, nem as idéias me acharão aqui.
Janela. Na rua, as meretrizes aguardam inquietas. as soluções diárias dos hotéis, cafetões de não mais um dia, – de nenhum outro dia – dizem “fique por favor”.
Serviço de quarto. O café dos copos bebidos por quem dirá “amanhã: cachaça!”. Aguardam sólidos o pedido das meretizes, “quão fracos!”
Solidão. Tudo serve a tanta coisa! Olhando daqui, tão longe quanto o vidro oferece a realidade, se lá estivesse brusca e insistente, a verdade aguardaria.
– Tenha cuidado com o terceiro degrau, diz o homem e você com seu olhar extenso, maduro, seu próprio epílogo.
Prezados, rogo não, sugiro, atenção. pela ordem, reunião de trabalho!
– Escolham a segunda e vocês ainda levam um paneleiro de cristal bordado, uma xicará de Guiné, um repolhador em aço escovado e um jogo de tiras em lacrám! – mas isso é outro assunto.
sem menos,
spleen quase de amor
auto(psyia)crítica
minha esperença é que isso cansa
se já não me alcança como um pássaro preto que abriu a gaiola, por medo de cortar-lhe as asas, fugiu. ter suas asas extirpadas. não ter mais asas. Assim o lobo recusa a aproximação de quem lhe deve alimento. Como por aspiração à certeza. Como quem se prende ao temor do arrependimento
Quem aprendeu em demasia palavras que poucos proferem não será proferido. Impávida minha face de quem desfalece/Falece de um bem vivido amor/
Bradou ele naquele dia: “Algo que porto será um dia teu”
Estaremos sentados à beira da espiralidade. Nos vamos tocar ! envoltos no tempo. Esse é o orgasmo. Faça-se segura então com sua imponente força segura forte minha mão plena de todos os instantes consome de tudo que em mim é teu. Adoro-te. eu proponho uma aliança.
Eu e o caminho novamente só
Eu e o odor inimaginado do veneno azul
Arsénico Azul, tanto faz, novamente só
“Mas, não sendo ele, quem grita é o homem”
Assim como gostaria que você visse as faces com que imaginei
que você viria mas você não veio
Que você veria a cor do Arsênico Azul, mas, você não veio, tanto faz.
Falei sobre mim nos últimos versos. Não há porquê.
Nada irá além do último minuto. Nenhum tosco pedaço de massa encefálica suja de nicotina responderá por sua alma, se houver uma.
Nada, além dos homens saídos da tabacaria, se responde ao homem que não poderá pôr mais chapéus. Não há tabacaria.
Há, abaixo do equador, o que diz que os homens não usarão mais chapéus
Perdão.
Foi um prazer revê-la disse-lhe o homem astuto que olhava pela fechadura e depois concluiu que o mais pequeno pedaço de vida que pudesse olhar era maior que todo o universo. sua beleza é única seus sonhos são certames nos pequenos
papéis que escrevo.
Alguém me chega desesperado. tenho saber do não acontecido!
estamos vivos?
Visto. tenho visto pessoas percorrem caminhos que já percorri tenho descredito pelas minhas palavras pessoas percorrem tenho descrédito pelas minhas palavras…
Você pediu agora aguenta.