As Zelites

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No blogueiro Noblat, nota sobre a Ministra Marina Silva. Diz ela “a desgraça de um país não é a sua elite, é não tê-la. A elite é capaz de negociar, de fazer concessões. Falo na elite no sentido positivo. Os empresários do Brasil também agem estratégicamente e constituem a elite pensante deste país.” Esse tema apareceu também num artigo de Water Salles, já pendurado aqui, em que o cineasta cita o economista Lester Thurow afirmando que “o que falta na América Latina é elite. O que existe é oligarquia. As oligarquias desfrutam ou herdam o poder, mas não entendem as responsabilidades públicas inerentes a ele”.

A frase confusa da ministra contrasta com a clareza do economista.

Ela, ícone petista ora prestigiada ora humilhada pela realpolitik de Lula, reconhece a existência de uma elite com pensamento estratégico, enquanto Thurow, que certamente não perambula com brochinhos de estrela no peito, é bem mais preciso ao afirmar que não existe elite no Brasil ou na América Latina.

Lula, de quando em quando, ainda bravateia contra as elites. Sustentado por ela, diga-se, desde o início de sua carreira política, ao atacá-la reforça sua existência. E agora a ministra, no doce balanço da contradição, aplaude o “empresariado estratégico” nacional. Graças a Deus!

No limite, sua fala é uma versão às avessas da famosa “elite branca” do Lembo. No país da falta de idéias, a esquerda alisa e a direita bate, na conjunção do que se tornou a gangue política nacional, com um espírito corporativo arraigado, emitindo sinais contrários, à esquerda e à direita, anulando assim qualquer sentido de liderança da nação, próprio do que seria efetivamente uma elite.