Quatro anos passados da eleição do primeiro “homem do povo”, a política nacional tornou-se um enfado. Não conheço ninguém que se anime com as eleições. Eu mesmo, outrora entusiasmado telespectador do horário eleitoral, só passei a vê-lo pós-escândalo do dossiê petista.
A grande conquista política do governo Lula é o fim da política.
A interdição do debate que já havia em 2004 quando, levado pelo zeitgest – a onda vermelha de esperança – Lula chegou ao poder. Contestar sua capacidade era considerado, na melhor das hipóteses, ignorância ou conservadorismo elitista. Obviamente, já era uma visão distorcida da realidade. Mas havia o componente da novidade sucitando as paixões descabidas por Lula.
Passados quatro anos de um governo tão mediocre quanto os anteriores mas bem mais enlameado pela canalha que rondou o palácio e o gabinete presidencial, o debate sumiu de vez.
Ex-petistas e demais descontentes evitam o assunto. Os ainda petistas que resistem nos centros urbanos, dão de ombros, abraçados a causa do “todo mundo é assim” e do emblemático pragmatismo mão suja. Psdbistas e demais opositores, resignados pela estrondosa derrota que se avizinha, escorregam nas desculpas para sua própria incompetência. E a massa, hipnotizada pelo ilusionismo carismático do presidente e pela a mistificação travestida em cartão do bolsa-família, crê ferrenhamente que sempre foi assim, e assim sempre será.
E, nesse contexto, a tal reforma política é evocada como tábua de salvação da classe política dominante, como se esse – a salvação da classe política – fosse motivo para reformar alguma coisa.
Com alguma sorte, a vitória de Lula acontecerá num segundo turno.
Ao custo de se ter que ouvir bobagens como a de Aldo Rebelo, para quem o segundo turno é um desejo golpista da oposição (atenção: esse sujeito ocupa o terceiro posto da república!), o prolongamento da campanha eleitoral pode trazer o debate político de volta à cena. Ainda que isso aconteça por conta de um caso de polícia, não de política.