Om Mani Padme Hum

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A palestra de Dalai Lama no templo Zu Lai em São Paulo revelou um líder um tanto conservador, ainda que de espírito leve e bem humorado.

Quase desencorajando a adesão de novos praticantes ao Budismo, o Lama foi direto ao que parecia ser a grande maioria das pessoas ali presentes: alguém nascido numa tradição cristã não deve procurar o caminho de Buda.

E acabou por fazer mesmo uma contundente e interessante defesa da ética laica como uma prática tão valiosa para evolução individual quanto qualquer prática religiosa.

Claramente, sua missão como chefe supremo do budismo tibetano é reafirmar a existência de dogmas e princípios rígidos de uma doutrina que no ocidente tem sido abordada como sendo mais “flexível”, mais permeável as nuances da vida moderna que as demais tradições religiosas.

Não foi a toa que na segunda parte da palestra, dedicada ao estudo de uma prática ritual, o tema escolhido foi justamente os “oito versos que transformam a mente”.

Para se ter idéia da rigidez que os versos pregam, cito o de número 6, uma versão budista do “oferecer a outra face”: “quando alguém a quem ajudei com grande esperança; Magoar ou ferir a minha pessoa, mesmo sem motivo,; Vou aprender a ver essa outra pessoa; Como um excelente guia espiritual”.

Se o objetivo era desencorajar aventureiros e modistas, estava dado o recado.

Isso, evidente, para quem estava prestando atenção ao que ele dizia e não apenas curtindo sua presença deverás cativante, numa tarde ensolarada em plena quinta-feira.

Em grande medida, essa visão de Dalai Lama se aproxima do que tende a ser o papado de Bento XVI, sobretudo na reafirmação dos valores tradicionais de suas igrejas.

A sua maneira, o novo papa está mais preocupado com a Europa do que com supostas ameaças evangélicas em países de terceiro-mundo, assim como o Dalai foi categórico em cirscunscrever o budismo ao oriente.
E, mais ainda, refletem uma preocupação legitima de ambos em relação a algo que o ainda Ratzinger condenava com veêmencia: o relativismo moral que reina já há algumas décadas, como se a ética pudesse ser um recurso maleável ao sabor dos ventos e de vontades individuais momentaneas.