Myanmar emergiu com suas tragédias nos noticiários do mundo. Visitei o país em 2007. Queria ir para um lugar exótico e até então não conhecia ninguém que havia estado ali. O que atraía em Myanmar era o exotismo, ponto. Até comprar um guia de viagem, não sabia que Myanmar era Birmânia. Tinha nenhuma ou pouca idéia do importante papel geo-político na segunda guerra mundial, das belezas naturais e do imenso patrimônio cultural e religioso espalhado por todo país. Mais importante, não tinha dimensão da imensa afabilidade do povo myanmar. Sob uma ditadura absolutamente incapaz e intolerável, as pessoas na rua oferecem sorrisos de boa vontade e acolhimento, não propriamente desinteressados. Em países com tamanhas dificuldades, a figura do turista é sempre assediada como uma possibilidade de ganho. A diferença está num real interesse das pessoas em Myanmar pela origem e destino dos viajantes. Além da curiosidade normal é fácil reconhecer a vontade de conhecer, de relacionar, de interagir com outras culturas. Diversas oportunidades fui convidado a participar de encontros, festas ou reuniões por populares, cujo objetivo era jogar conversa fora. Encontrei mais tarde outras pessoas que visitaram o país, invariavelmente impressionados com a acolhedora população local.
A mais recente tragédia natural que devastou a região sudoeste do país, alcançando a capital Yangoon a poucos dias da eleição proposta pela junta militar para prorrogar seu próprio ocaso, pode acelerar a evolução política do país. As proporções do evento podem obrigar os relutantes líderes do país a autorizar a chegada de médicos e voluntários às regiões afetadas. Apens a circulação de pessoas criaria um novo momento político em Myanmar, num movimento irreversível rumo a abertura e democracia. Quiça o surrado dito se faça verdadeiro e venha a bonança.
Veja fotos (em breve atualização)
(maio de 2008)