Debates de nadas

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Debates políticos estão cada vez mais chatos. A culpa é dos personagens. Política é teatro e não existem grandes peças sem personagens interessantes. Nos EUA, Obama não convence no palco. É um grande orador de teleprompter. Nos dois primeiros embates com McCain ficou no máximo empatado. E o republicano é sem graça e tem péssima dicção. O mesmo aconteceu no debate entre vices, mesmo com a melhor performance de Sarah Palin e Joe Binder. A governadora do Alaska tem o mérito de render as interpretações hilárias de Tina Fey no Saturday Night Live. Foram os melhores momentos da campanha americana. Por sinal, os comediantes americanos deviam agradecer diariamente aos republicanos e, especialmente, a John McCain. Sua primeira decisão presidencial, a escolha do vice, não poderia ser melhor. Para o anedotário político. E dizem, ela será o futuro dos republicanos. Incrível.

Ainda menos curiosamente, o debate entre Gilberto Kassab e Marta Suplicy no último domingo, até por conta do engessamento do formato, foi igualmente um empate. É uma curva para a mediocridade do empate. O zero a zero minguado. Quanto muito um a um.

Marta está desesperada. Uma nova derrota a colocaria numa geladeira terrível. Dou créditos a ela e seu discuro monocórdico como lábios de botox. Pegou uma prefeitura quebrada e, com poucos recursos, conseguiu organizar um pouco o dia a dia da cidade. O Bilhete-Único é talvez a política pública mais óbvia negligenciada por gerações de administradores, não apenas em São Paulo, mas no Brasil. Foi uma resposta ao solene desprezo ao transporte público que norteou a matriz de transporte no país. Sua  persona publica porém não convence o público. Mais por sua própria maledicência do que por seus graves erros administrativos. Esses extremos em que ela trafega equivalem a mediocridade meio insossa de seu oponente. A política é cada vez mais tediosa.